segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A resenha

Em breves palavras, ainda, apontam-se algumas características e ações que podem auxiliar a elaboração de resenhas ou comentários, outro gênero textual que circula em diversas revistas da Editoria de Periódicos da UNISINOS.

Em primeiro lugar, a resenha se define como um texto que Oliveira (2005 in SOUZA, 2010, p. 15) denomina como recensão ou resumo crítico, posto que nele se verifica sempre um caráter avaliativo. Resenhar, nesse sentido, é uma ação que visa “relatar e avaliar as propriedades de um objeto ou de suas partes constitutivas e, dessa forma, orientar ou sugerir a leitura, neste caso, de um determinado livro” (SOUZA, 2010, p. 16).

Para que se elabore uma resenha de um livro, ou de um artigo, como é comum nas revistas da Editoria de Periódicos da UNISINOS, realizam-se as seguintes ações essenciais: (i) apresentar o livro; (ii) sumarizá-lo; (iii) destacar avaliativamente as partes do livro; e (iv) avaliá-lo conclusivamente. Na primeira ação, indicam-se o tópico do livro e aspectos gerais deste que possam situar o leitor para que opte (ou não) pela leitura do material resenhado. Na ação de sumariar, o contato com as linhas teóricas do texto em foco é oportunizado. No destaque de partes do livro de modo avaliativo, ratifica-se o caráter de julgamento e a argumentatividade da resenha.

Finalmente, a avaliação final e conclusiva contém a recomendação de leitura, que pode ser direta ou indireta. Igualmente, esta ação indica detalhamentos resultantes de uma leitura crítica do resenhista, auxiliares da escolha do leitor.


Referência

SOUZA, J. A. C. de. 2010. Nos passos da resenha. In: ALVES, I. M. da R.; GIERING, M. E.; MELO, V. H. D. de. (org) Leitura e produção de resenha acadêmica. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2010. p.15-27.


Fonte: Apontamentos de A a Z. NRT 2010. 
Cátia de Azevedo Fronza (Coordenação); Juliana Alles de Camargo de Souza (Organização).

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A linguagem do artigo acadêmico-científico

A linguagem e expressão do texto acadêmico-científico deve considerar a situação comunicativa na qual nasce. Dessa forma, dado o universo discursivo da ciência em que os pares comunicam aquilo que descobrem nos seus percursos investigativos, outras anotações são relevantes.

Primeiro, a estrutura frasal do artigo científico requer simplicidade, objetividade e clareza. Tais qualidades são obtidas, se o produtor mantiver o paralelismo (expressão das ideias respeitando a identidade de formas gramaticais); se elaborar frases na ordem direta (primeiro o sujeito, depois o verbo e seus complementos); se souber sinalizar, com pontuação adequada, o seu texto; se evitar frases fragmentadas ou siamesas; se articular orações e parágrafos empregando conectores e palavras adequadas às ligações lógicas estruturadas; se utilizar tempos verbais adequados (por exemplo, o presente para generalizações, o pretérito para relatos e o futuro do pretérito para hipóteses), entre outras possibilidades linguístico-expressivas.

O paralelismo é a expressão de ideias similares de forma gramatical idêntica, em vista da necessidade de clareza do que se escreve. Assim, a enumeração de elementos, por exemplo, deve seguir a hierarquia e as funções sintáticas, sob pena de não haver clareza e precisão no que é dito. Um exemplo de paralelismo, no que concerne a formas gramaticais em itens é:

Garlipp (2008) argumenta que é por meio da preferência pela liquidez que o dinheiro desempenha seu crucial papel na construção teórica de Keynes. Esse papel deriva de sua função mais relevante – a de reserva de valor – e isso é o que permite integrar a teoria do valor à teoria monetária. Diante disso, podem-se tomar como as principais características distintivas de uma economia monetária e empresarial: (a) o objetivo dos agentes; (b) o caráter das decisões; (c) a suscetibilidade às flutuações; (d) a importância do tempo e da incerteza; e (e) as propriedades do dinheiro (ALVES; VERÍSSIMO, 2010, p. 16).

Observem-se os substantivos nos inícios de cada item da lista. Não há uso de verbos na listagem, uma vez que foi adotada a substantivação (caráter, suscetibilidade, importância, propriedades, palavras que estão em negrito para destaque). Mais um exemplo de paralelismo é o que se oportuniza pelo uso de recursos linguísticos como conjunções (e, nem, não apenas/mas também; tanto/quanto); expressões explicativas (ou melhor, por exemplo); repetições (seja/seja; ou/ou), entre outros.
Ressalvam-se as frases fragmentadas e siamesas, a partir dos seguintes exemplos com problemas. A frase fragmentada é a que apresenta separadamente o que deveria estar junto, como em: “A substância utilizada promoveu a proliferação dos micróbios. Encerrando um ciclo de desenvolvimento da planta”. A segunda parte, que indica uma circunstância, com um verbo no gerúndio (forma nominal que expressa um modo ou uma ação em curso), deveria estar ligada à primeira: “A substância utilizada promoveu a proliferação dos micróbios, encerrando um ciclo [...]”. A frase siamesa, ao contrário, apresenta juntos trechos que deveriam estar separados, como em: “O candidato estava feliz, havia passado” (LEDUR, 2009, p. 202). Para corrigir esta frase siamesa, assim se pode escrever, entre outras possibilidades: “O candidato estava feliz: havia passado”; “O candidato estava feliz, pois havia passado”; “O candidato estava feliz. Havia passado” (LEDUR, 2009, p. 202).

Outras sugestões como as que remetem à articulação, à conexão, à pontuação, entre outros detalhes que surgem no ato de comunicação escrito, são abordadas nas anotações ou apontamentos, que trazem links interessantes para consulta do leitor deste Manual.

É possível dizer, a partir disso, que escrever requer atenção, observação, conhecimento, exercício e hábito somados à leitura persistente e permanente.

Referências

ALVES, T. G.; VERÍSSIMO, M. P. Política monetária, crise financeira e Estado: uma abordagem keynesiana. Perspectiva Econômica, v. 6, n. 1, p. 16-36, 2010.
LEDUR, P. F. Português Prático. Porto Alegre: Age Editora, 2009. 231 p.


Fonte: Apontamentos de A a Z. NRT 2010. 
Cátia de Azevedo Fronza (Coordenação); Juliana Alles de Camargo de Souza (Organização).

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

WORKSHOP SOBRE ESCRITA ACADÊMICA

O NRT UNISINOS promove o workshop A ORGANIZAÇÃO DO ARTIGO ACADÊMICO entre os dias 22 e 29/09/2011 (quintas-feiras).

Trata-se da organização do artigo acadêmico-científico, focando o contexto situacional de sua publicação, sua organização estrutural e algumas estratégias de organização discursiva e linguística. O objetivo é proporcionar o conhecimento sobre características do gênero artigo-científico, a fim de qualificar as produções de estudantes dos Programas de Pós-Graduação da UNISINOS.

O evento é gratuito, e as inscrições estão abertas até o dia 19/09/2011 pelo link http://www.unisinos.br/extensao/evento/105432/7217/0605/apresentacao.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Como se configura o artigo acadêmico-científico?

 Ao se organizar o texto do artigo acadêmico-científico, procede-se a ações específicas caracterizantes do gênero. Tais ações podem ser enumeradas em seções que configuram o texto, no artigo experimental e no artigo de revisão, segundo o que é apresentado no Quadro 1:


ARTIGO EXPERIMENTAL
 ARTIGO DE REVISÃO
Resumo
Resumo
Introdução
Introdução
Materiais e métodos
Referenciais ou Pressupostos Teóricos
Resultados/ (Discussão)
Análises, Discussões (p. ex., uso de corpora); uso de títulos específicos da investigação em curso
(Discussão) Conclusão
Conclusão ou Considerações finais

Quadro 1 - As ações em seções do artigo acadêmico-científico experimental e de revisão.
Fonte: Elaborado com base em Feltrim, Aluísio e Nunes (2000, p. 4).


O artigo deve ter um título claro e indicativo do que trata o texto que o segue. Após, apresenta um Resumo, que visa oferecer uma síntese do que se desenvolve no corpo do artigo. Em vista disso, é possível dizer que essa porta de entrada do artigo acadêmico-científico, consubstanciada no Resumo, deve conter: (i) uma apresentação do tema e a contextualização da pesquisa ou da investigação numa dada área ou perspectiva analítica; (ii) a enumeração dos objetivos essenciais em pauta; (iii) a explicitação da metodologia; (iv) a sumarização dos resultados; (v) as conclusões, contribuições e indicações de novas possibilidades investigativas do estudo realizado.

Feita essa síntese, que serve ao leitor de orientação para arquivamento e leitura do texto integral do artigo, passa-se à Introdução. Esta é a parte do texto em que a contextualização se amplia para situar o texto numa área de conhecimento e em relação a estudos já existentes, e na qual se apontam as generalizações fundamentais da pesquisa. Nessa seção, também se indica a relevância do tema abordado e se aborda o problema de pesquisa construído a partir desse. A finalidade demonstrativa se revela aqui, uma vez que o gênero focalizado se liga ao discurso científico, fato que justifica a presença do posicionamento e da problematização nesta etapa textual (CHARAUDEAU, 2008).

A seguir, aparece o corpo do artigo propriamente dito, no qual se dá espaço para a explicitação de Materiais e Métodos, e para relato dos Resultados (a Discussão pode aparecer aqui ou nas conclusões), no artigo experimental. Os Resultados, nesse caso, são interpretados em correlação com as hipóteses, com os objetivos traçados e com o referencial teórico adotado.

No artigo de revisão, é comum se apresentarem os Referenciais ou Pressupostos teóricos, descrever a Metodologia e se proceder à análise logo após. As discussões entrelaçam-se com a análise, na revisão, mas é destinado espaço específico para as Considerações finais ou Conclusão. Nestas, o artigo - que iniciou de forma abrangente e geral, que se desenvolveu na direção de um foco específico do estudo, à luz de uma metodologia e de uma teoria, ou mais, particulares - amplia-se mediante a apresentação de generalizações, de implicações da pesquisa e de sugestão para novos trabalhos. Motta-Roth (2009) diz que a Conclusão pode ser uma subparte da Discussão e resultados, porém faz ressalva de que essa etapa do artigo pode também constituir uma seção independente.

Referências

CHARAUDEAU, P. La mediatisation de la science. Bruxelas: De Boeck, 2008. 128 p.
FELTRIM, Valéria D; ALUÍSIO, Sandra M.; NUNES, Maria G. V. Uma revisão bibliográfica sobre a estruturação de textos científicos em Português. São Carlos: ICMC-USP.
MOTTA-ROTH, D. Redação acadêmica: princípios básicos. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, Imprensa Universitária, 2009.108 p.


Fonte: Apontamentos de A a Z. NRT 2010. 
Cátia de Azevedo Fronza (Coordenação); Juliana Alles de Camargo de Souza (Organização).

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Antes de mais nada...

O que é a escrita acadêmica?
Escrever na universidade implica conhecer a situação de comunicação em que surgem inúmeros gêneros textuais que atendem às necessidades dessa esfera de atuação humana. Por essa razão, “dentro do contexto acadêmico, conforme forem as restrições contratuais, os textos se organizam em diferentes gêneros. Por exemplo, o artigo acadêmico formaliza a necessidade da divulgação científica aos pares, obedecendo à finalidade demonstrativa do discurso acadêmico” (GIERING, 2009, p. 7).
Por essa razão, tal finalidade demonstrativa implica “estabelecer uma verdade para a qual é necessário ter uma atividade de argumentação que coloca certos tipos de raciocínio (axiomas e regras) e escolhe argumentos que devem desempenhar o papel de prova” (CHARAUDEAU, 2008, p. 13).
O que é um artigo acadêmico-científico?
O artigo acadêmico-científico nasce em circunstâncias determinantes do contrato de comunicação, que obedecem a razões de ordem socioinstitucional. Por isso, é possível afirmar que as estratégias adotadas na escrita desse texto delimitam-se e legitimam-se no contexto da produção e circulação do saber científico.
Em vista desses pressupostos, quando se pergunta por que escrever um artigo acadêmico-científico, as respostas que se enumeram, entre outras, são: (i) para comunicar resultados de investigações realizadas; (ii) para aperfeiçoar a aprendizagem e a comunicação do saber; (iii) para desenvolver os hábitos da observação, da leitura, da pesquisa e também do registro científico dessas atividades, compartilhando-as com a comunidade acadêmica e fora dela; (iv) para motivar a atitude científica e participar dos avanços da ciência.
Visto isso, é importante salientar que, na “troca entre os pares, o fim demonstrativo tem lugar de destaque, pois a situação de comunicação do discurso científico envolve diversos posicionamentos sustentados por teorias diferentes que exigem uma atitude aberta a objeções e contraposições possíveis” (CHARAUDEAU, 2008, p. 14).
Nesse quadro singular de comunicação, escrever um artigo acadêmico-científico exige do produtor a capacidade de: (i) contextualizar o tópico principal do texto em uma área e em relação a outras áreas de conhecimento; (ii) justificar e explicitar os objetivos do estudo mediante a formulação de hipóteses, se necessário; (iii) esclarecer e relacionar os pressupostos teóricos que sustentam o trabalho; (iv) descrever a metodologia e os procedimentos gerais adotados; (v) apresentar e comentar resultados, fatos e achados; (vi) trazer contribuições e recomendações com base nos resultados obtidos. Tais cuidados para a elaboração do texto devem sempre se orientar para o leitor que se pressupõe e precisam estar articulados à resposta à questão: vale a pena ler este texto? (FEITOSA, 2004).
Ainda é preciso lembrar que é possível o artigo acadêmico-científico se subespecificar, de acordo com a área de conhecimento em que se insere. Por isso, pode assumir uma feição experimental, que, segundo Motta-Roth (2009), tem base em um projeto de pesquisa, discute e apresenta fatos relativos a uma área de conhecimento. O artigo experimental, por essa razão, se preocupa com detalhes de cada etapa do trabalho em curso, o que se revela claramente em sua estrutura. Enquanto isso, o artigo de revisão focaliza um problema e apresenta uma demonstração que se sustenta predominantemente em aspectos teóricos. Não se ocupando somente com resultados, mas com a confirmação de hipóteses a partir de análises diversas de um dado, o artigo de revisão considera várias abordagens e, a partir delas, procede a um criterioso estudo de pontos essenciais, articulações teóricas e aspectos complementares de um determinado problema formulado.

Referências

CHARAUDEAU, P. La mediatisation de la science. Bruxelas: De Boeck, 2008. 128 p.
FEITOSA, V. C. 2004. Redação de textos científicos. São Paulo: Papyrus Editora, 2004. 135 p.
GIERING, M. E. 2010. Apresentação. In: GIERING, M. E.; ALVES, I. M. da R.; MELO, V. H. D. (org). Leitura e produção de artigo acadêmico-científico. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2010. pp. 7-14.
MOTTA-ROTH, D. Redação acadêmica: princípios básicos. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, Imprensa Universitária, 2009.108 p.

Fonte: Apontamentos de A a Z. NRT 2010. 
Cátia de Azevedo Fronza (Coordenação); Juliana Alles de Camargo de Souza (Organização).

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Minicurso A ORGANIZAÇÃO DO ARTIGO ACADÊMICO

O NRT promove o minicurso A ORGANIZAÇÃO DO ARTIGO ACADÊMICO (6h) nos dias 01 e 02/06, das 14h às 17h, na Mostra Unisinos de Iniciação Científica.

O curso trata da organização do artigo científico, focando o contexto sittuacional de sua publicação, sua organização estrutural e algumas estratégias de organização discursiva e linguística.

Público-alvo: mestrandos


Inscrições: http://www.unisinos.br/eventos/mostra/inscricoes